Admito,
estou perdidda. Não sou estudiosa da questão de raça. Também não sou super
entendida sobre a questão de gênero. Interesso-me pelos dois e tenho de estudar
mais sobre ambos. Admito que na atual conjuntura da minha vida – e também pelas
escolhas de “seguir” que fiz nas minhas mídias sociais – tenho pensado mais
pelo ponto de vista da segunda questão.
Esse
desabafo, então, é de uma analfabeta funcional nessas questões. Mas precisava
pôr pra fora. Tudo começou há uns 20 dias, quando a Prill (quase meu alterego
da internê) postou algo sobre não entender o porquê das pessoas criticarem a
Anitta por ela fingir ser branca. Rolou um debate sobre o que é ser branca ou
ser negra (que não me recordo bem e não posso me meter por não saber) e eu
abordei que meu interesse por ela (que quase ninguém entende) é que ela levanta
questões que alteram a concepção – principalmente das “novinhas” – sobre posicionamento
e liberdade de escolha. Acho sensacional a letra de escova:
Não toque no meu cabelo, você não é escova
Só manda papo errado, pensa que eu sou boba
Tá se achando o brabo, crente que é o cara
Mas meu sensor de mané, me deixa ligada
É, aceita, sai, da mesa
Não encosta não
É, aceita, sai, da mesa
Não encosta não
Eu quero outra proposta
Claro,
ela não é a primeira a fazer isso. Valeska-ídola-popozuda já faz isso há anos.
Mas, Valeskona não tem a inserção que a Anitta tem. Valeska é de comunidade, se
fez e se faz no funk: sua música infelizmente, ainda é vista como de favelada e
não consegue permear por muitos grupos. Aniita é classe média. Ela fez a
reapropriação da reapropriação: bebeu do funk e se fez pop (acredito que até
mesmo por ser classe média, Anitta não conseguiria bancar pra sempre o funkão).
Prill
perguntou: “isso é por que ela canta pop? Mas o Naldo faz isso e ninguém enche o saco. Claro, Naldo
é homem!”. Siiiiiiiiiiiiiim! Naldo é um homem. Um homem que veio do funk. Um
homem que também não tem discurso de raça definido (eu acho). Um homem que canta “se joga no meu colo,
amor”. Um homem que entoa clássicos da
cultura do estupro:
E nem
adianta disfarçar que não me quer
Sei qual é a tua
Dá pra ver o que
'cê' quer
Tipo meio galinha
Que garota tentação
E fica excitada
quando o DJ solta...
A
música de Anitta, diferente da de Valeskona e igual a a de Naldo, consegue ser ouvida por todos. E isso, na minha opinião,
incomoda os ouvidos machistas por aí. Ah... Parece muita Luluquice, né?
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Antes e depois da Anitta |
Mas olha só o que anotei de Anitta:
-
Críticas por “estar branca”
-
Pseudo vídeo de sexo com primos jogado na rede
-
Blog dizendo que ela, na verdade, morreu e uma cover assumiu o lugar
Sobre
o Naldo:
-
Críticas a uso de playback
-
Críticas de sua ex-mulher pelo novo casamento (só que no caso, quem acaba sendo
criticada é a ex-esposa).
Sinto
um grande incômodo com tudo isso, por que a cantora Anitta é criticada principalmente
por questões pessoais? Por que ninguém fala que é absurdo o que o Naldo canta?
Por que ninguém fala do corpo e da cor do cantor-homem?
As
questões de gênero-and-raça também deram o que falar nessa semana com a
apresentação da Miley Cyrus no VMA 2013. Na minha singela opinião, a menina é
dona do próprio corpo e principalmente da própria bunda – que faça twerk! Mas,
para muitos, era muito melhor quando ela fazia um papel de uma menina que para
fazer sucesso tinha de ser outra pessoa (esta loira e toda trabalhada no rosa,
como um bom esteriótipo de gênero tem
de ser).
O
twerk é uma apropriação de outra classe? Sim. Mas ela não o pode fazer por ser
branca? E se fosse uma artista branca que canta o papel feminino de esperar a
vontade do homem? Sejamos claro com exemplos possíveis: s e fosse a Selena Gomez de calçola e top rebolando
até o chão entoando “quando você estiver pronto, venha me pegar”, será que
haveria tanta polêmica? (aqui ela faz repropriação de sons indianos, mas
ninguém diz nada).
Uma
crítica disse que a Cyrus faz o passo da Beyoncé. Uma pergunta: por que ela não
pode?
Posso
ter escrito um monte de asneira (o que é possível), mas tinha de falar...
Links importantes:
Críticas à Cyrus: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/08/1334593-danca-da-garrafa-de-miley-cyrus-reabre-ferida-racial-nos-eua.shtml
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